Azuyalek Ak Kalih

                                 Azuyalek Ak Kalih





“O coração fala línguas desconhecidas

Se quiser conhecê-las

Olhe nos olhos do coração.”



Quando somos bebês, todos nós, falamos em outra língua. Com o tempo e os dentes, esquecemo-la. E aprendemos outras, as quais é necessário pensar muito e muito para se dizer o que quer.

Mas todos também já tivemos, e ainda temos, outras línguas guardadas. Línguas tais que são tão magicamente guardadas, que quem esquece a magia, não se lembra mais.

Quando criança, de verdade, sabia uma língua que nunca vi ninguém entender, além de mim e quem mais estivesse do meu lado. Essa língua não era da serventia desta outra, a que se fala nos jornais, vendas e conversas. Era tão linda que não se precisava pensar na imagem que cada palavra deveria reproduzir. Não reproduziam, apenas eram sentidas. Eram um mundo todas elas juntas.

Cantava-se de olhos fechados e em voz baixa, para o coração achar um caminho pela garganta.

Nesta língua não havia nenhum tipo de mentira, não se mente com os sentimentos. Mas não era invenção. Penso que deveria ser um ponto de contato entre todos, quer perto ou longe, eram um caminho só para vários mundos. Sílabas e sons que fluíam sozinhos.

Apesar de fortes, com o tempo, fui deixando de praticar libertá-los e, consequentemente, esquecendo essa língua brotante.

Agora me lembro seu nome. Nunca esqueci sua essência e começo a lembrar de cantigas até. De tempos em tempos, ela entra em contato comigo de novo. Os sons mudam um pouco.

Hoje em dia, sou Azuyalek.