- Vou limpar esse lugar e você nem vai lembrar que isso existiu!
Os olhares determinados se cruzam. Mais uma vez.
- Escute...
- Não!
- Escute! O que você está fazendo?! Você não pertence mais a mim?
Safanões, respirações.
- Você deve estar brincando!
- Não! Não estou! Isso acabou, já não conversamos à exaustão? Você sabe! Tire os olhos daí, já disse que vou me livrar delas! Você não entende?
- Não, você não vai.
- Sim! Isso...
- Não. Helena, você não vai se livrar dessas fotografias.
“Não entendo! Sim, vou!”
- Elas são lindas.
Rostos contraídos. “O que?”
- São Arte.
Silêncio. Sempre entremeia silêncio. A sala, as fotografias por toda a mesa de centro, forrando o tapete, Helena de regata branca, pálida.
- São mais fortes do que você jamais vai ser.
Nem uma única palavra cruza os lábios de Helena. O silêncio faz zumbidos nos ouvidos. “Mais fortes do que eu também, estão vivas, Helena!”
- Lúcia!
“Seja digna, se ainda te restar. Não sei o que mais há de ser, não me pergunte.” Tudo quanto Lúcia diz, sem querer.
- Ela vai à exposição.