sábado, 4 de abril de 2015

recto revés

Após a prévia morte, a encurvada e espessa dor reclama seu pedaço de alma. A velha e renegada conhecida de longos lutos sorri com seu túmulo lancinante no rosto, e, pela beirada, se vê, a qualquer momento se pode voar em soterramento livre para o fim de todos os começos. Mais um trago, mais um estrago na corrente da existência. Mais um passo desenfreado, descompassado e arrebatador pela fenda escancarada, mascarada de agonia. Exaurido em asfixia, em paralisia desperto, na casca solta de cada sonho caiado ao revés. Em tempo e augúrio de deslumbre e desvanecimento. E por todo caminho, todo trilho e aroma, ruído e vislumbre, por todo canto se estende, corrompe e tatua o silêncio cardíaco do desgosto, suposto chamado futuro.