terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Casa dos sonhos

Frases e frases ecoam no campo de concreto. Sapatos pequenos e descoloridos das filhas das máscaras, que dançam com os rostos sempre em perfil. Um parceiro gentil após outro, cada um mais sombrio que a sombra de seus próprios parceiros, e suas vestimentas. A mão morna na luva fina, o olhar bailando pelas paredes dando as costas aos olhos. É necessário olhar o azul das paredes, o azul das cúpulas, o branco dos balaústres e vasos, o floreado dos ornamentos e vestes. Desfrutar do pálido creme dos tecidos, do pálido dos rostos, da ausência de perfumes. O rosto, suave, recebendo as mentiras em sorriso e aquiescência, o abraço à agulha fria, recriando níveis sonoros diversos para a melodia silenciosa dos quadros.
Ecoam no silêncio as frases do poeta morto, que nunca ousou recitar a vida e, mais profundamente, a morte da loucura na casa dos sonhos.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Novo Silêncio

Me movo de pés descalços na pedra crua fria que atravessa o rio faminto de quem soturno me quer matar

De traços finos e olhos vazios no meio do nada da noite acerto em cheio a sombra da sina distinta do medo

Se de passo em passo em lento cortejo me apego na alma de odor nauseado a espera infértil e débil do novo silêncio

A esquina transforma em silvo e fumaça na sombra silente que passa nas veias e espero ao menos agora que possa morrer

domingo, 13 de janeiro de 2013

Marina e o violão


Diz, só um pouco, que teu dia foi melhor
Diz que está com saudade, que vai me fazer um carinho
Vem cá, vamos dividir um sorriso e um cobertor
Fala comigo. Sem ti meu ombro é tão sozinho

O que eu posso dizer, se estou triste?
Fala comigo mesmo assim
Me oferece teu tempo e resiste,
Que teu jeito é remédio pra mim

Se chover, ah meu bem, se chover,
Até um abraço te dou,
De largar nunca mais e saber
O que é ou não
Amor

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

De abraço

Sim, meu irmão, eu entendo você querer me ensinar a abraçar, faz pouco tempo que cheguei nesse mundo, ainda não sei bem o que fazer. Mas entenda também, irmão, que mesmo sendo nossa dor assim semelhante, a que está em meu peito agora é maior que meus braços e menor que os seus. Então me deixa só encolher no teu peito e me envolve sem igualdade, que se eu explodir, você me guarda aí dentro para me montar de novo depois. De outra vez faço como você diz, prometo.