Quando os
ventos brandos não mais fustigarem meus pulmões e nenhuma partícula de luz
puder iluminar minhas memórias, não quero permanecer inteira.
Quero, nesta
hora, que cada peça de mim seja acolhida na beira de um olhar vívido que duvidar do próximo
raiar do sol. Quero, sim, propagar tudo que ainda houver de vida em mim, onde ela precisar continuar, onde eu não mais puder sustentá-la.
E depois, assim
mais leve, quando tudo o que sobrar for cascalho e silêncio, quero que o fogo
leve embora o insustentável peso de ser, e o que mais sobrar, com seu egoísmo,
vaidade e preocupações vãs.
Assim
descarregada, quero, por fim, que me apresentem esta nova face aos cinco ventos
do mundo, e deixem esta vista, agora clara, não ser mais minha. Deixem-me ver
tudo.
Ao fim, antes e
depois, serei a próxima respiração.