terça-feira, 29 de maio de 2012

Catherine


-   Vou limpar esse lugar e você nem vai lembrar que isso existiu!

Os olhares determinados se cruzam. Mais uma vez.

-   Escute...
-   Não!
-   Escute! O que você está fazendo?! Você não pertence mais a mim?

Safanões, respirações.

-   Você deve estar brincando!
-   Não! Não estou! Isso acabou, já não conversamos à exaustão? Você sabe! Tire os olhos daí, já disse que vou me livrar delas! Você não entende?
-   Não, você não vai.
-   Sim! Isso...
-   Não. Helena, você não vai se livrar dessas fotografias.

“Não entendo! Sim, vou!”

-   Elas são lindas.

Rostos contraídos. “O que?”

-   São Arte.

Silêncio. Sempre entremeia silêncio. A sala, as fotografias por toda a mesa de centro, forrando o tapete, Helena de regata branca, pálida.

-   São mais fortes do que você jamais vai ser.

Nem uma única palavra cruza os lábios de Helena. O silêncio faz zumbidos nos ouvidos. “Mais fortes do que eu também, estão vivas, Helena!”

-   Lúcia!

“Seja digna, se ainda te restar. Não sei o que mais há de ser, não me pergunte.” Tudo quanto Lúcia diz, sem querer.

-   Ela vai à exposição.



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