terça-feira, 8 de maio de 2012

- Olha, essa peninha. Guardei desde aquele tempo. Ela colocou em mim em uma apresentação.
- Mas você só tinha... o que, cinco anos?
- Eu sei Camila. Não sei bem o que eu podia querer naquela idade. Deixa eu te apresentar. Ela era incrível sabe? Era uma fada pra mim. Imagine assim: uma linda jovem de cabelos claros brilhantes e cacheados, numa sala com grandes janelas iluminadas cheia de pinturas e panos coloridos, vestida numa mistura de fada e princesa, de rosas e dourados e glitter, e com olhos radiantes capazes de amansar o mais feroz dos animais.
- Parece lindo.
- E era. Ela nos adorava a todos, até as crianças mais abusadas, nos encantava com suas histórias e sua paciência. Eu tinha uma devoção por ela. Vibrava de felicidade quando ela prestava um pouco que fosse de atenção em mim. Ia dormir ansiosa e simplesmente adorava a hora de ir pra escola.
- Alguém chegou a perceber isso?
- Não sei, talvez ela tenha percebido, ou mamãe, mas devem ter tomado como coisa comum de criança, ou devoção mestre-pupilo, e talvez fosse mesmo. Eu fiquei num estado de desolação quando tivemos que passar de turma. As primeiras séries ficavam separadas das outras. E depois mudei de colégio. Não chegou a ser um trauma, mas eu sonhava que ela vinha me encontrar, um dia.
- Nossa, Dani... Quer dizer que esse foi seu primeiro amor?
- Não sei... Mas eu amo essa peninha mais do que pessoas que eu supostamente deveria amar.

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