quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Journal

13 de Junho

Ethel acorda com ressaca, passou a noite estudando comprovações de teses. Vai fazer um café e se arrumar para sair.

Norah abre a janela e vê dois homens saindo do mercado da rua, correndo com mochilas e cabeças cobertas com meias. Senta-se na cama e vai tocar um pouco no baixo.

Collin desenha numa folha Collin com a casaca de soldado que seu pai lhe prometeu de aniversário. Mas Collin preferiria que seu pai viesse antes disso.


Ethel pôs a panela de água no fogo, algum dia perdeu o bule de vista, mas, antes de ferver, pára de se arrumar e pensa no motivo de tantas frustrações e decide não sair hoje.

Norah não lembra de mais nenhuma outra música das que ainda gosta de bater, então põe o baixo de lado e vai à janela de novo: nenhum sinal de polícia na rua. Decide se vestir pra encontrar com a Delphie.

Agora Collin desenha seu cachorro. Não tem um porque não pode, não respira bem e tem alergia a pelos. Chama-se Hugh Bone.



20 de Julho

Delphine escuta um barulho de algo batendo na janela e vai olhar. Chega até o parapeito, olha, mas não vê nada. Decide abri-la e entra, de supetão, um enorme pombo preto como ela nunca tinha visto.

Nathan passou a noite fora. Vai andando pela rua mal iluminada e, passando pelas casas dos vizinhos, imagina o tipo de caos que devem esconder essas fachadas pintadas. Agora, chegando em casa, é que percebe que perdeu as chaves.


Delphine abre o frasco de anti-séptico e limpa os arranhões no rosto. Espera que não fiquem cicatrizes. Ela pensa no que diabos veio fazer esse pombo aqui afinal de contas. Deixou o chão cheio de penas pretas e sua estante bagunçada.

Nathan tem que chamar o chaveiro pra trocar a fechadura que rompeu com o chute. Come um pão com bacon frio e vai pra cama.



14 de Janeiro

Tony pensa em quantas vezes vai ter que arrumar a mala até decidir realmente sair de casa. Sua namorada disse que está sempre com ele. Mas ela não pode sair de casa se não for pra trabalhar ou estudar. Tony acha a distancia uma coisa de doido. Assim como a gravidade.

Albert não sabe o que fazer da vida. Nem da sua, nem da sua filha. Dorence o odeia com todas as forças, ela mesma já disse isso. A mãe diz que é coisa de adolescente, mas Albert não tem muita certeza.

Dori passou anos pensando como seria o dia em que se casaria com um vestido preto. Começou com isso quando teve um sonho revelador onde ela entrava na igreja de vestido branco e apunhalava a si mesma, tingindo o vestido de preto.


Tony algum dia imaginou uma vida diferente. Ele não tinha de viver sua própria vida como quem vê um metrô passando.

Albert cansou de comer feijão. O que lhe salva é uma vez ou outra quando sua colega de trabalho Flora faz tortas de frutas e diz que elas sobraram. É impossível tortas tão saborosas terem sobrado.

Dori sente falta da banda. Sente falta de Antony. Sente falta de oxigênio. Não quer sentir falta da mãe, mas acaba sentindo. Ela que a mandou pra esse lugar. Resolve ir comer cereal para distrair a cabeça.



3 de Fevereiro

Marci está sem inspiração. Isso já é comum desde algum tempo. Suas esculturas já vinham repetitivas e sem graça antes disso. Ela precisa de meios mais criativos de arrumar dinheiro.

Fred apostou no número errado. Pensou no carro vencedor, mas, no fim das contas, acabou arriscando na opinião da maioria.


Marci não vai terminar o livro que estava lendo. No meio, descobriu que a única pessoa decente da estória morria justamente por isso. Cansou de epopéias.

Fred acabou dormindo enquanto suas roupas lavavam. Por sorte elas ainda estavam na máquina quando ele acordou. Mas suas cuecas estavam um tanto rosas e seu suéter vermelho desbotado.



26 de Agosto

Vivian esvazia seus bolsos e ainda não dá pra pagar a conta. Bebeu muito. Bebe pelo seu bolso vazio, pelo seu papagaio, por ser um homem depressivo, por não acertar a maldita bolinha na lixeira e por esse nome idiota que tem.

Otis está à beira de pegar um cigarro. Andou pensando demais no propósito da existência humana. Se agarra à sua estrela de Davi e se concentra em manter o controle.


Vivian não quer mais procurar emprego. Cansou de não ter motivos pra ser aceito. Pensa em se mudar pra rua.

Otis comeu alguma coisa estragada. Não está se sentindo muito bem. O último lugar em que comeu foi uma lanchonete mexicana. Acabou de descobrir que comida mexicana não faz bem a estômago judeu.

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