sábado, 15 de outubro de 2011

Mais adiante há uma floresta. Uma densa floresta de árvores de folhas grandes. Corre um rio, mas o importante não é a corrida dele, afinal não se sabe pra onde ele corre, ele não chega mesmo ao mar. O rio é verde, um verde intenso e azulado, escurecido pelas pedras pretas, redondas e brilhantes que forram o fundo. Não é muito largo, o que torna mais difícil de explicar sua cor, não que alguém já tenha pensado em fazê-lo. É um rio que toma toda luz ao redor, por metros, mas ilumina toda a vista, sem reluzir. Ele toma a atenção. E o raciocínio, também. Vaga, por lá, algo silencioso. Algo vestido de preto e tão silencioso que se move e respira rouco e, ao fazer isso, torna tudo mais silencioso que antes. Há também, uma clareira, não muito grande. No meio  dela, não exatamente no centro, uma árvore, ou algo muito próximo disso. Talvez alguém, ou algo próximo disso. Deve haver também coisas as quais não há como ter certeza, não há certeza se estão lá, se existem, se são coisas e se, existindo algum lado, qual escolhem, se escolhem. Só não parece haver, nessa floresta, por esse rio, pela clareira e mais profundamente, pessoas. Não parece.

Um comentário:

  1. Essa coisa de ficar no campo do algo, do deve haver, do talvez e da não-certeza dá a ele um tom muito, muito bom. Quem vai vendo vai ao mesmo tempo experienciando uma sensação de soltura em relação à liberdade de imaginação que ele dá por você o ter feito um texto mais aberto a isso do que o normal. Não sei palavra adequada em relação a esse cenário descrito aí. Só é importante saber que é também fantástico.

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