sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Café

Marina beija seu amor. Acorda e vê que é apenas uma pessoa. Marina acorda todos os dias com essa sensação terrível e libertadora de quem sabe que não terá nada, e será sempre assim. Ela toma café, come um pedaço de pão e sai, ainda recendendo a café. Marina vai sem pressa, sempre sem pressa, talvez rápido algumas vezes, mas não foge de nada, não vai atrás de nada, não tem pressa. Tudo que Marina merece, ninguém sabe. Ninguém nunca fez as contas. E até parece natural assim.
Algumas coisas acontecem, às vezes, umas coisas ou outras, ela ri, riem pra ela, faz vento, coisas. Não há nada que dure o tempo na vida de Marina. Depois de um dia de nadas, coisas ou algumas coisas, o que resta é Marina, ainda é Marina, seria surpreendente, se ela se surpreendesse tão naturalmente como é natural. Você não fala de sonhos com Marina.
Aparecem alguns fluxos que ela segue, vez ou outra, como era de se esperar. Ela almoça, qualquer coisa em qualquer temperatura, o sol realmente combina com Marina, ela sabe disso enquanto olha a tarde. As tardes já fizeram muito com ela.
As noites, quase sempre, tem algo que mudam Marina. Mesmo os anos parecendo vidas.
Certa vez vem um moço e pergunta o nome dela. O moço sabe seu nome, quando ela nasceu, e algumas outras coisas, coisas que Marina percebe que ele sabe, e é só o que Marina sabe do moço. Marina tem às músicas como ao café. Às pessoas como ao almoço.
De resto, todos os dias Marina ainda é ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário