domingo, 21 de março de 2010

"LOUCURA
Por Kahlil Gibran

Me perguntas como me tornei um louco.
Foi assim:


Loucura

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras haviam sido roubadas: as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas. Corri sem máscara pelas ruas cheias de gente, gritando:

'Ladrões, ladrões. Malditos ladrões!'

Homens e mulheres riam de mim e alguns corriam com medo para suas casas.

Quando cheguei à praça do mercado, um menino trepado no telhado de uma casa gritou:

'Você é um louco!'

Olhei para cima para vê-lo. O sol brilhou pela primeira vez em meu rosto descoberto. Pela primeira vez o sol beijava meu rosto nu, e minha alma se encheu de amor pelo sol, e nunca mais desejei usar máscaras.

Assim me tornei um louco. E encontrei tanto liberdade como segurança em minha própria loucura. A liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido. Pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.


Alguém aqui tem algo a declarar a respeito da sua loucura?"

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