sábado, 24 de dezembro de 2011

Diela

Algumas horas se convence de que o amor é pálido. Um ser que usa uma máscara quase igual ao rosto.
O vento é um bálsamo quente para seus olhos tristes. Ao olhar pela janela ela vê o viaduto. Fica olhando para ele. Pensa, o quanto gostaria de se abandonar na altura. Ela sente quase um alívio ao pensar essas coisas de desequilíbrio. Sempre acariciara suas insanidades, ela sabe quem é com elas. Sorri amargo testando, provando um pouco de cada perigo, de cada beirada, como passar os dedos pela chama de uma vela. Numa volta dessas, faria coisas que a fariam pensar mais tarde que teve coragem.
Como se fosse uma parte desconhecida dela, chove. O calor e a dor em sua cabeça, a falta de um real abandono, a estrada que não parece acabar, a secura em sua garganta e a vontade de se entregar às suas pequenas destruições, saborosas vitórias no seu ego. Ela olha. Se vê saindo, caminhando para a chuva, derrubando as coisas e recebendo-a silenciosamente. Desvia o olhar, mas em todo canto chove e o carro é enormemente minúsculo.
Essas partes dela, essas que afastam as pessoas. Justo as que a aproximam dela.

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