segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Da terra

Deito na relva, corpo estirado, meus dedos passam pelo mato macio. As pedras que brotam da vegetação a meus sentidos, fazem parte do incomodo que também sou. Quando abro os olhos, já, a cadeira que me sustenta dá vista para a janela da noite.
Minha alma vem e vai, em tempos indistintos. Segui, seguimos, num túnel feito de tempo e meia visão, como sempre deve acontecer. Agora olhei na janela e vi de um jeito que me assustou. Várias coisas passaram, certamente más e boas. Depois de ter aberto a caixa, tive medo de ter perdido a chave. Talvez a perdi, talvez. Na caixa tinham tantas coisas apontando caminhos diferentes. Mas coisas me assustam.
A cor dos olhos da minha alma tinha mudado. Sinal do fim dos tempos, diria alguma avó minha. Cascatas desaguaram nesse espelho em que vi seus novos olhos. Não sei o que dizer dessa Alexandrias Genesis, se carrego a tristeza do antigo verde, se me enfeito da alegria do âmbar, se me calo, como faço sempre. Sei que senti de novo o cheiro amadeirado de limão, o cheiro que é tão do verde, e ele ainda é meu. E vejo a beleza das palavras, a beleza agridoce do movimento castanho das palavras, este me veio com a viagem. E a tristeza de todas as cores, que está em todas as vozes.
A alma é bela. Não sei quando vem, não sei quando vai. Nem quando vou, se vou, onde fico.
Acaba o papel, fecha-se a janela, a caixa, e as pedras que ainda existem. Acabam meus olhos.
Mas os outros, ou outros ainda vêem.

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