domingo, 15 de julho de 2012

Uma noite comum. Uma festa de rua comum. Mas a noite inteira se apossou dos olhos de Miguel. E nem nada. Continuaram andando, conversando, comprando, comendo. A noite não tinha estrela, uma nuvem ou outra corria medrosa nos olhos de Miguel. A moça via, mas não via também, como paisagem de janela refletindo. E redemoinhava a noite no corpo. Miguel tinha uma boa mira, sempre acertava pelo menos um brinde da barraca de tiro. O anjo da noite carregou vento na vista, trouxe um assobio fundo de começo de cegueira, e a noite girava, girava. E Miguel parado. As luzes, como sombras, eram também noite por dentro. Gritava quieto o assobio escuro na vista, um sorriso sem movimento petrificava o seu rosto. Espera, sorria, acerta Miguel! Silêncio.
Vira. Miguel crava o chumbo na têmpora de Catarina.

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