sábado, 3 de abril de 2010

Marie

Marie subiu as escadas da porta de trás da casa dos Maguinne, pensando. Havia encontrado com Marde no caminho de volta, e este lhe dissera bom dia, mas um bom dia muito cordial e severo, tão frio que seus dentes quase bateram ao ouvi-lo, algo incrivelmente estranho ao jeito daquele moço tão descontraído e brincalhão que era o seu amigo. Porém Marde também costuma mudar de humor com muita facilidade, era muito sensível.
No vendeiro, enquanto comprava o que lhe pedira a madame, escutou a conversa entre umas senhoras e senhoritas.
– Estão sabendo da novidade?
– Que Margarida Desley foi posta pra fora de casa? Uma tragédia!
– Também, aquela despudorada, estava conversando a sós com o filho do marceneiro.
– Mas me diga, como é que sabem, se estavam só os dois
– Não, não, essa já é antiga. Estou falando da visita do Duque de Mountarkent ao palácio.
– O Magno?
– Sim, ele mesmo! Dizem que virá com todo seu cortejo de homens do Rei de Mountarkent.
– Fala-se que o homem é tão santificado que, quando ele passa, tilintam e caem sobre os ladrilhos brilhantes moedas de ouro.
– Ora! Moedas de ouro?
– Sim, e por onde ele pisa ficam pétalas e leves plumas.
– Ohh!
Marie assustou-se com aquela história. Será mesmo que existia um ser humano tão extraordinário? Imagine só, moedas rolando e plumas coloridas flutuando! Era coisa difícil de se acreditar. Mas a cabecinha inocente de Marie chegou a imaginá-lo mesmo, quase como uma criança. Se bem que pouco diferiam, ela e as crianças de sagacidade mediana, nesse aspecto.
E foi sobre esse duque que falou com a filha de Dorothy, uma das empregadas dos Maguinne, sua pequena amiga Diana.
Diana pensava ser muito pouco provável ou bonita essa estória, não que ela mesma não fosse romântica, mas achava terrível como as outras senhoras, e Marie também, eram ridiculamente crédulas.
A chegada do duque provou como Diana estava mais perto da verdade. O Magno veio com um grande e suntuoso cortejo, homens e cavalos com plumosos adornos e, à sua passagem, alguns de seus homens lançavam moedas para mostrar ao povo como não precisavam delas em absoluto, ou como caridade talvez, e passada a caravana o que restava no chão eram apenas as plumas das ricas vestimentas.

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