segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Se espalha na melhor cadeira, parece esperar algo.
Destilar é a palavra. Um líquido espesso e escuro destila numa taça. O calor que ilumina a sala destila o tempo. O calor de seu próprio corpo destila o contido em sua mente.
Os saltos assimetricamente suspensos brilham um vermelho escuro do sangue que lhe caça por dentro. A sala, a luz, a cadeira, Dolores, tudo é uma imagem estagnada, um calor congelado onde redemoinham dores também escuras.
Dolores em si própria é a mais bela das dores.
Seu peito move-se na pulsação do que corrói, amargando tudo que se vê. Não vê nada, nem Dolores. Tudo gira e evolui num compasso vertiginoso, dentro, fora, em surdo e alto.
Dolores não espera coisa alguma.

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