Clara era filha da orgia. Poucos sabiam disso. Foi criada por uma senhora austera numa casa que em muito se assemelhava a um convento. Essa senhora, que Clara queria como a um feitor, pouco vestia-se que não de preto, pela pura habilidade de combinar-se com sua personalidade; e a casa grande e calma, sem outras vozes menos ocasionais, não oferecia mais encantos que a incentivassem. Nesse silêncio, Clara cresceu sem espaço para ser algo que ela não detestaria mais tarde.
Clara tinha algo com espelhos. Sempre parecia ver uma pessoa especialmente estranha neles.
Clara tinha algo com espelhos. Sempre parecia ver uma pessoa especialmente estranha neles.
A casa em estilo antigo, com sua floresta e suas portas grandes, ainda não era habitada por outras garotas. Clara ia desenvolvendo curiosidades opacas em sua personalidade, como sentir coisas que não estavam perto, e não sentir coisas que estavam. E ter gostos totalmente alheios a tudo, quando os tinha.
Como era de se esperar, talvez, a aparência de Clara era Apatia. Seus silêncios eram bem medidos e suas falas comedidas, mas ambos verdadeiros. E curiosidades menos opacas apareciam com o tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário